Projeto Erasmus+ “Save our Seas” | Mobilidade em Portugal
Save our seas ou SoS dos oceanos? Bastou apenas um pequeno sonar para a emergência de um “call to action”. Desta feita foi a vez de Portugal. Assim, em maio, um grupo de professores e alunos oriundos da Lituânia (Mar Báltico), Bulgária (Mar Negro) e Itália (Mar Mediterrâneo) veio conhecer as fragilidades deste oceano que nos banha de norte a sul. Entre visitas culturais e interações no Litoral, destacamos uma experiência com a ajuda de uma cientista. O choque não podia ser maior. Bastou para isso a observação microscópica da glândula digestiva de um mexilhão para perceber que este oceano azul e verde está doente e dentro dele adoecem e morrem os seus filhos. Problema maior: os microplásticos. Esta ameaça põe em risco também todo o ecossistema da fauna e flora marinhas e os humanos são os únicos responsáveis por ela.
Ao acompanhar a nossa costa desde o estuário do Rio Douro, local de desova de muitos peixes e paragem de aves migratórias, até à praia de S.Jacinto, pudemos observar como a intervenção do Homem tem sido nefasta: construção de habitações e bares em cima das dunas, cujo pisoteio as destrói sem misericórdia, único obstáculo natural contra o avanço do mar, faz com que todos os anos a subida do seu nível seja de cerca de 12 metros, levando à destruição das habitações, locais de lazer e das próprias praias, que vêm o seu areal reduzido. Esporões e paredões mostram também quão maligna foi a sua construção. A areia encontra-se onde não deve estar: nas ruas e passeios das localidades banhadas pelo Atlântico.
Mas a consciencialização da população, que começa na escola, já começa a mostrar algumas melhorias nos comportamentos, como a criação de áreas protegidas, passadiços, limpeza de praias e locais de recolha de lixo e a não destruição das dunas, cujo exemplo é evidente na praia de S. Jacinto. A ação mais emergente é mesmo a eliminação dos plásticos!
Faz parte da nossa memória, nesta nossa costa tão rica, a presença do Homem desde a idade do Ferro (achados arqueológicos assim o confirmam), prolongando-se até aos dias de hoje na arte de bem pescar. Pudemos vê-lo no Museu da Memória (Matosinhos) e na Estação Litoral da Aguda, onde se dá ênfase às espécies de peixes aqui pescadas e a outras que estão em risco devido à sobreexploração deste fantástico recurso, que influenciou através dos tempos, as nossas tradições, crenças religiosas, desenvolvimento de indústrias ligadas à pesca e à riqueza da nossa gastronomia. O tempo de atuar é agora. Como não há planeta B, é urgente cuidar do nosso!